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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Renascendo....




Tons de cinza inebriavam minha vista cansada
Certo tom trágico tomou o lugar que já estava tomado por teias de aranha e insetos abissais
Nada parecia ter um rumo definido, tudo parecia distante, inatingível
Minhas mãos se tornavam pesadas, eu estava fraco...
Rastejei-me pelo cômodo empoeirado, o cheiro de mofo tomou minhas narinas
Não consegui distinguir a vida da morte...
Ambas caminhavam juntas sem nenhuma distinção


Escutei uma voz, parecia distante, uma voz suave e delicada
Continuei escutando aquela voz, não sei como, mas sabia de onde vinha
Aquele pedido de socorro escoava em meu peito, traduzia todo o que eu sentia
Senti certo calor em meu rosto, o que já era um sinal de vida
Quanto mais me aproximava de voz, mais meu corpo se aquecia
Toquei em algo, senti minha mão arder em brasas


A vida que já abandonava o meu corpo voltara,
Renascendo como uma Fênix renasce das cinzas
Avistei em meio à escuridão, aqueles olhos
Estes me traduziam a vida em um segundo
Bastou-me fitar este olhar, para que toda a vida invadisse meu corpo


Sentia sua mão tocar minha pele... Como a chama tocava o gelo
Derretendo toda a escuridão a sua volta,
Sua voz então invadiu minha mente, já desnorteada pela escuridão
A lucidez veio a mim após um toque especial
Parecia úmido e quente, tocou-me os lábios....


Como se Gaia soprasse a vida por toda a parte...
Sopramos a esperança em nossos pulmões
Como uma conexão natural entre os pólos
Uma conexão entre a vida e a morte
O que nos leva de encontro à eternidade de nossas existências
De encontro ao eterno ciclo da vida

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Janelas da alma




A noite parecia agradável, convertendo a angustia do sol em admiração pela lua
A lua estava lá, firme e forte, uma leve brisa toca seu corpo
Um alívio repentino tomava o lugar, um gosto amargo e refrescante ainda residia em meus lábios
Lembro-me do primeiro gole, o suor proclamava a angustia e o pesar da terra que aplacava sobre a humanidade.
Entretanto, a Lua dava-me o castigo de um amante eterno.

Uma bela mascara, escondia-lhe a face, vestindo suas expressões... Com um branco frio, inexpressivo e incrivelmente romântico.
A luz cor de prata refletia no único lugar visível de seu rosto, os olhos
Os olhos são a janela da alma, e como todo bom abrigo, deve existir uma janela
Aqueles olhos eram opostos a tudo que aquela máscara me propõe pensar
Enquanto sua superfície gelada e fria, branca como a neve se tornava tão gélida quanto o inverno do sul
Seus olhos refletiam a luz do luar com ardor e paixão, derretendo toda neve a sua volta

Não há como esconder o amor, quando seu oponente é a frieza da solidão.
Olhando o luar e a nuvens que passavam; As estrelas que brilhavam, uma leve brisa tocava-me a face,
Dançando delicadamente com as nuvens que viajavam pelo céu, as folhas das árvores eram sacudidas de leve, como uma mãe acaricia a cabeça de um filho ao dormir
Aquele olhar parecia fazer parte deste momento, natural e desprendido da solidão
A Lua tentava atingir lhe a face, escondida sob a superfície gélida e branca,
Deixando escapar apenas aquele olhar,
Onde a luz da lua pode revelar-me a verdadeira expressão do amor
Contida como uma fera em uma jaula
Escapando aos pouquinhos, de gota em gota