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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Dia de Luar





Algo subitamente me desperta
Os olhos cegos ainda da escuridão dos sonhos
Minhas pálpebras se descolam lentamente, não vejo ninguém
Um imenso clarão invade minha visão... Deixando-a turva
Levanto-me, visto as roupas... Ocasionalmente dormi nu.
O calor da noite me fez lembrar um dia de sol
Parecia que o sol brilhava em plena noite

Fui em direção ao banheiro, urinei e deixei esvair toda a minha dor
Era um momento raro de felicidade, por alguns segundos fui ao céu e voltei
Terminei o ato de higienização, como se tirasse um “encosto”, senti-me leve
Café reforçado, banana, aveia e mel
Esse mel às vezes era mais psicológico do que funcional
Um gosto de fel tomava meu peito, o mel era necessário.

Como em uma vida perfeita, a corrida matinal
A roupa combinava tênis de mola, trabalhava 5 horas por dia
No céu, algo que para todos era banal
Enquanto pássaros cantavam a luz do sol, o que lhe chamou foi o luar
Um céu azul, ensolarado, em uma manhã de sábado
O gosto de mel era tomado e o fel de seu peito subia-lhe a boca
Cada vez que seus olhos cruzavam seu caminho
O luar jogava-lhe o gosto amargo do fel

Lembranças amargas furtavam-no a beleza e o doce da vida
Lembra-te deles? Diz sua consciência
Amor assim nunca viu igual.
A luz do luar refletia em seus olhos aqueles corpos suados
Cada gota de amor escorria de seus olhos, esvaindo em choro e angústia

A lua parecia não se mover mais
O sol nasceu; um cheiro doce invadia o local
Sua roupa refletia a angustia de um poeta louco
Tons de branco e manchas vermelhas tomavam a cena
O suor daqueles corpos apaixonados se tornou grudento e fétido
Assim como sua visão da vida, tornara-se seco e sujo, às vezes um pouco incômodo

Sons de pássaros em seus ouvidos, o sol batia em seu rosto
Uma leve brisa tocava sua face, crianças corriam pelas praças
Enquanto isso um pouco de vida entrava em seu peito
Crianças têm o dom de rejuvenescer, parece que tem uma chance de recomeçar

Mas algo lhe chamava, aquela voz parecia chamar seu nome
A lua estava ali, só q desta vez não brilhava
Estava apagada, assim como o seu amor pela vida
Seu amor parecia ter ficado naquela noite de luar
Seu amor se esvaiu em lagrimas e ódio

Suas mãos pareciam tremulas como daquela vez
O gosto do fel parecia não ter fim
Resolveu por um fim nesse jogo
Agora iria dar a volta por cima

Voltou para onde havia começado
Seu quarto estava ainda como antes
Vedado e nunca mais visitado,
Só o que permanecia ali era o cheiro da morte

Resolveu corta o mal pela raiz
Nunca mais veria o luar
Fecha os olhos não era mais suficiente
Então com as mesmas mãos tremulas, segurou uma faca
Esta ainda com a marca de suas mãos
Nela havia o mesmo cheiro doce do mel
Era seu chamado, o amor que lhe esperava

Aquele cheiro tomava lhe o peito, um cheiro que não sentia desde o casamento
Sentia-se agora realizado, é sempre bom resolver problemas
A forma de acabar com os seus era, cortando a fonte de seus problemas
Agora não sentirás mais o gosto do fel, assim como a lua não brilha de dia
O amor não causa dor a quem não tem coração

Seu olhar fita ao céu pela janela do quarto
A lua parecia estar no mesmo lugar,
É como se não houvesse mais tempo e espaço
Seu peito estava preso em um enorme buraco, ausente de luz e dor
Seus pés tocaram um dos corpos já com moscas

Um único golpe, suas mãos não tremem mais
O cheiro doce que invadirá o quarto já uma vez invade novamente
O gosto do fel se dissolve e escorre pelo seu peito
Extinguindo a fonte de todos os pecados e dádivas de sua vida
E a única coisa que resta é um belo dia de Luar